sexta-feira, novembro 14, 2003

Deixem-me ser romântico, e pensar que quando sair da faculdade vou conseguir mudar este Portugal das Descobertas e dos Conquistadores, deixem-me imaginar que ainda há Fernandos Pessoa, Mários de Sá-Carneiro, pensadores livres, sem a ideologia hipotecada. Deixem-me por um momento pensar que recuei 550 anos na história de Portugal, quando, infelizmente, o livre-arbítrio era censurado pela igreja, mas havia orgulho de ser português... Ou nem tanto, porque houve quem nascesse, crescesse e morresse sem nunca saber que o Brasil foi nosso, Angola, Moçambique... Fomos tão grandes, maiores do que quaisquer uns, marcou-se, nessa altura, o cunho português na história do mundo. O Mundo mudou, mudaram ideias, costumes, os territórios exteriores passaram a chamar-se colónias e a reclamar liberdade, deixámo-las ir, chorámos, ou talvez não, a sua partida como um pai deixar ir um filho para longe. A nossa grandiosidade fora diminuida, mesmo extinta, Portugal... portugal talvez. Deixados às vontades de uma Europa dos interesses monetários (mas não dos nossos), a governos sucessivamente piores, como se fosse possível, a cada eleição nos surpreendemos mais... Ficámos numa redundante ignorância de ideais, porque cada vez mais os ideais são raros, existe uma espécie de egocentrismo em cada português que não os deixa expandir, pelo contrário, deixam de pensar no bem-comum para pensarem no próprio bem, e cada um com mais convicção que o outro, como um virús que corre nas suas veias desde a nascença.
Continuamos cada vez mais a praticar o "ideal" do "eu, só eu, mais ninguém", este país é de todos, temos de lutar pelo bem comum, não pelo nosso próprio bem, estamos mal se assim continuarmos, inspirem-se no passado, inclinem-se para o futuro, não parem a vossa mentalidade neste presente negro, porque assim vamos todos acabar na miséria ideológica, e mesmo nas outras misérias a que tantos e tantos dão mais importância do que à própria vida. Mudem, não, mudemos este portugal, façamos andar esta náu, limpemos os lustres e as velas, vamos escolher novos rumos, rumar a um futuro novo e diferente, melhor. Porque se há hora para mudar portugal esta é a hora.

quinta-feira, novembro 13, 2003

Acordai cordeiros,
não vêm que a cada passo que dão são conduzidos para mais perto do fim,
revoltai-vos, mostrai-vos contra os vossos pastores,
que acabe a lei do cajado,
todo o cordeiro é livre para pastar à hora que lhe apetece,
um cordeiro de olhos fechados é um petisco para o lobo.

Acordai pobres almas,
não vedes a opressão?

Revoltai vos contra a lei do relógio,
cada pobre alma é livre para lutar,
cada alma deve trabalhar quando quer,
mas uma alma que não trabalha continuará sempre a ser uma pobre alma,
cultivai-vos e não vos deixeis secar,
deixai brotar a flor da vida,
reproduzi-vos a vós e às vossas ideias,
largai as agulhas do crochet,
segurai numa caneta e escrevei,
não guardem para vocês o que querem reivindicar.

Inocentes cordeiros, pequem,
saltem a vedação, sejam diferentes,
rebelem-se, balam mais forte e mais alto,
e maior será a enxaqueca do pastor.

Levantem as foices e colham,
colham os frutos que plantaram,
da flor da vida já nasceu o fruto,
e no fruto flui o vermelho da essência da vida,
revoltai-vos.

Revoltai-vos contra os sistemas impostos,
revoltai-vos contra os lobbies,
revoltai-vos contra os opressores,
revoltai-vos, REVOLTAI-VOS...

Lutai por uma vida melhor,
uma alma mais cultivada,
pegai no martelo e crucificai os Judas da vida,
levantai bem alto o punho cerrado e gritai…
LIBERDADE.

quarta-feira, novembro 12, 2003

Fiquei na cama sem vontade de acordar, sem vontade de sair à rua, sem vontade de nada. Senti-me português e quase que chorei, olhei para o tecto do meu quarto e fiquei. Fiquei a pensar, a pensar nem sem bem o quê, e o tempo passou, e quando passou já não o consegui fazer andar para trás. Olhei para o estado do tempo, e levantei-me calmamente, senti-me um verdadeiro funcionário público, respirei fundo e pensei, "Amanhã será diferente?", não sei, mas infelizmente este sentimento de passividade não é só meu, nem é hábito induzido, ou produzido por mim ao longo dos anos, é uma questão de cultura.
Porque a cultura da preguiça e da falta de vontade é-nos apregoada todos os dias, ninguém tem vontade de trabalhar, toda a gente trabalha e mexe-se quase por favor... Tenho pena de mim, tenho pena de todos, e choro porque ainda não me consegui mudar, mas hei-de conseguir, e hei-de lutar e mudar este país. pelo menos um pouco, e deviamos todos ser assim, pensar que conseguimos, pensarmos que afinal até osomos capazes de ir mais além, voar mais alto que os outros, somo capazes de competir, ser alguém.
O Tempo passa, não volta para trás...

quarta-feira, novembro 05, 2003

Berrei, não consegui ficar calado, uma fúria apoderou-se do meu coração, o que se pas­sa com este país? Seca no Verão, cheias no Inverno, pobres na rua deixados à sorte que não tiveram, politicos nas suas casas, frente às suas lareiras ou de férias em paraísos naturais. Pobres de nós que não os podemos imitar, apenas ficar olhando, sofrendo, vendo morbidas e repetidas notí­cias na televisão, comendo o monótono prato de comida a cada refeição, esperando, quem sabe, o milagre da "Convergência".
A cada Orçamento o poço aumenta, para os pobres a areia para os olhos, a mordaça para a boca para não embaraçarem o Governo; para os ricos, o caviar e a passadeira vermelha, vermelha do sangue que outrora derramámos para erguer este paí­s do qual hoje tenho vergonha.
Tenho vergonha que os habitantes deste paí­s não se unam e vejam os que não os deixam ver, se manifestem, e façam força, seja qual fôr o Governo, de Esquerda, de Direita, do Centro, o do raio que os parta. Não podemos continuar neste estado de contí­nuo laxismo de dever social, e deixar as decisões para o Governo, já vimos a desgraçante resultado. O despesismo público a aumentar, a miséria também, os empregos e os salários diminuem, e a nossa alegria também.
O Durão lá continua com o seu "contentamento descontente", ou a sua "confiança", como prefere dizer, pudera, com esta campanha de contra-informação, onde ninguém sabe onde está, onde dificilmente se distingue o que é verdadeiro do que é falso, quem é culpado ou inocente. Ele lá vai tendo espaço de manobra para fazer as coisas a seu bel-prazer enquanto grande parte da oposição se debate com os seus problemas internos, que vieram sabe-se lá de onde, instigados sabe-se lá por quem.
O PS continua enterrado na sua diarreia mental, esgravatando a terra remoi­da para ver se encontra um buraco onde enfiar a cabeça para a fugir da humilhação, ainda por cima tem de lidar com o Soares Jr. filho pródigo, mas pecador, digamos invejoso, ansioso pela cadeira do poder, pela ânsia de chegar, pelo menos, onde o papá chegou, nem que para isso mova uma moção de censura para arrancar mais uns fiozitos da fina corda que segura o Ferro na chefia do PS. Tão feia que é a inveja, já só falta o inevitável beicinho televisivo em horário nobre para completar este quadro surreal da politica socialista.
O PCP continua a agonizar, os mesmos "clichês" que o caracterizam desde que me lembro de existir politica e problemas em portugal. Os mesmos monstros do passado, o espectro da Guerra Fria, as mesmas bocas para o Governo, viu-se ontem no debate para o Orçamento, "quem tem telhados de vidro não atira pedras", salva-se o shôr Carvalho, que é o unico "camarada" que ataca com a frieza dos números e faz por instantes desaparecer aquele sorriso palhaço da cara do Durão, que contra os factos não arranja os argumentos. Aquela acutilância da Odete que vai desaparcendo com a idade, aquela cor de cabelo também não a favorece... mostra de facto o destino do PCP, que por este andar passará a lanterna vermelha da politica nacional, mas nunca o esquecimento, pelos que, no passado, infelizmente, lutaram bravamente para libertar este paí­s onde vivemos, soubessem eles ontem o que sabem hoje...
O PP, bem... não tenho comentários para as palhaçadas do Telmo Correia, e os devaneios de chupista e lambe-botas do próprio. Tentar tapar o sol com a peneira é um erro fatal, ainda mais tentando dispersar a atenção para outros assuntos de menor relevância. Não condiz com o "Governo de palavra" apregoado durante a campanha eleitoral, deixem-se de demagogias, de rabolas, de se desculpar com o passado. Entendam de vez que são "o pequeno partido de direita que apoia o PSD", remetam-se à vossa pequenez, tanto partidária como ideológica. O "Paulinho das Feiras" não faz milagres. Porque se o PCP a continuar assim vai ser o lanterna vermelha o PP acabará por ser aglutinado pelo PSD, ou mesmo quem sabe, num acto de caridades pela Nova Democracia, do velho odiado Manuel Monteiro.
O PSD... não vale a pena falar Remeto o leitor para os jornais e notas editorias, cada frase é uma nova anedota para o panorama cultural português...
É nestas alturas que me perco nas minhas lembranças e tenho saudades do tempo de criança, quando não sabia o que era a politica, e era alegre, e o recreio da escola era maior que o mundo. As Guerras não passavam de brincadeiras, as desgraças passavam-nos ao lado, os podres da sociedade eram-nos abafados, que saudades de ser ingénuo, que saudades de ser inocente, incorrumpido pelas demagogias das pessoas. Em breves momentos chego a pensar que nunca cresci, o mundo ainda é cor-de-rosa... QUERO DORMIR PARA SEMPRE, NÃO ME ACORDEM QUANDO ESTIVER A SONHAR, PORQUE ENQUANTO SONHO SOU FELIZ, QUANDO ACORDO SÓ QUERO FUGIR... FUGIR PARA LONGE. FORA DESTE pORTUGAL de TRETA A QUE NÓS, INFELIZMENTE, NOS HABITUAMOS A CRITICAR.