quarta-feira, novembro 05, 2003

Berrei, não consegui ficar calado, uma fúria apoderou-se do meu coração, o que se pas­sa com este país? Seca no Verão, cheias no Inverno, pobres na rua deixados à sorte que não tiveram, politicos nas suas casas, frente às suas lareiras ou de férias em paraísos naturais. Pobres de nós que não os podemos imitar, apenas ficar olhando, sofrendo, vendo morbidas e repetidas notí­cias na televisão, comendo o monótono prato de comida a cada refeição, esperando, quem sabe, o milagre da "Convergência".
A cada Orçamento o poço aumenta, para os pobres a areia para os olhos, a mordaça para a boca para não embaraçarem o Governo; para os ricos, o caviar e a passadeira vermelha, vermelha do sangue que outrora derramámos para erguer este paí­s do qual hoje tenho vergonha.
Tenho vergonha que os habitantes deste paí­s não se unam e vejam os que não os deixam ver, se manifestem, e façam força, seja qual fôr o Governo, de Esquerda, de Direita, do Centro, o do raio que os parta. Não podemos continuar neste estado de contí­nuo laxismo de dever social, e deixar as decisões para o Governo, já vimos a desgraçante resultado. O despesismo público a aumentar, a miséria também, os empregos e os salários diminuem, e a nossa alegria também.
O Durão lá continua com o seu "contentamento descontente", ou a sua "confiança", como prefere dizer, pudera, com esta campanha de contra-informação, onde ninguém sabe onde está, onde dificilmente se distingue o que é verdadeiro do que é falso, quem é culpado ou inocente. Ele lá vai tendo espaço de manobra para fazer as coisas a seu bel-prazer enquanto grande parte da oposição se debate com os seus problemas internos, que vieram sabe-se lá de onde, instigados sabe-se lá por quem.
O PS continua enterrado na sua diarreia mental, esgravatando a terra remoi­da para ver se encontra um buraco onde enfiar a cabeça para a fugir da humilhação, ainda por cima tem de lidar com o Soares Jr. filho pródigo, mas pecador, digamos invejoso, ansioso pela cadeira do poder, pela ânsia de chegar, pelo menos, onde o papá chegou, nem que para isso mova uma moção de censura para arrancar mais uns fiozitos da fina corda que segura o Ferro na chefia do PS. Tão feia que é a inveja, já só falta o inevitável beicinho televisivo em horário nobre para completar este quadro surreal da politica socialista.
O PCP continua a agonizar, os mesmos "clichês" que o caracterizam desde que me lembro de existir politica e problemas em portugal. Os mesmos monstros do passado, o espectro da Guerra Fria, as mesmas bocas para o Governo, viu-se ontem no debate para o Orçamento, "quem tem telhados de vidro não atira pedras", salva-se o shôr Carvalho, que é o unico "camarada" que ataca com a frieza dos números e faz por instantes desaparecer aquele sorriso palhaço da cara do Durão, que contra os factos não arranja os argumentos. Aquela acutilância da Odete que vai desaparcendo com a idade, aquela cor de cabelo também não a favorece... mostra de facto o destino do PCP, que por este andar passará a lanterna vermelha da politica nacional, mas nunca o esquecimento, pelos que, no passado, infelizmente, lutaram bravamente para libertar este paí­s onde vivemos, soubessem eles ontem o que sabem hoje...
O PP, bem... não tenho comentários para as palhaçadas do Telmo Correia, e os devaneios de chupista e lambe-botas do próprio. Tentar tapar o sol com a peneira é um erro fatal, ainda mais tentando dispersar a atenção para outros assuntos de menor relevância. Não condiz com o "Governo de palavra" apregoado durante a campanha eleitoral, deixem-se de demagogias, de rabolas, de se desculpar com o passado. Entendam de vez que são "o pequeno partido de direita que apoia o PSD", remetam-se à vossa pequenez, tanto partidária como ideológica. O "Paulinho das Feiras" não faz milagres. Porque se o PCP a continuar assim vai ser o lanterna vermelha o PP acabará por ser aglutinado pelo PSD, ou mesmo quem sabe, num acto de caridades pela Nova Democracia, do velho odiado Manuel Monteiro.
O PSD... não vale a pena falar Remeto o leitor para os jornais e notas editorias, cada frase é uma nova anedota para o panorama cultural português...
É nestas alturas que me perco nas minhas lembranças e tenho saudades do tempo de criança, quando não sabia o que era a politica, e era alegre, e o recreio da escola era maior que o mundo. As Guerras não passavam de brincadeiras, as desgraças passavam-nos ao lado, os podres da sociedade eram-nos abafados, que saudades de ser ingénuo, que saudades de ser inocente, incorrumpido pelas demagogias das pessoas. Em breves momentos chego a pensar que nunca cresci, o mundo ainda é cor-de-rosa... QUERO DORMIR PARA SEMPRE, NÃO ME ACORDEM QUANDO ESTIVER A SONHAR, PORQUE ENQUANTO SONHO SOU FELIZ, QUANDO ACORDO SÓ QUERO FUGIR... FUGIR PARA LONGE. FORA DESTE pORTUGAL de TRETA A QUE NÓS, INFELIZMENTE, NOS HABITUAMOS A CRITICAR.